25 de jul. de 2011

É preciso entrar no mundo deles!


Por Rafael Dutra
            Cada vez mais escuto pessoas fazendo esta pergunta: Quem é o adolescente de hoje? E normalmente ela vem acompanhada de comentários como “Na minha época não era assim...”, “Quando eu era adolescente...”, “No meu tempo as coisas eram diferentes...”, etc.

            Pensar a adolescência não é algo simples. Estamos acostumados a nos prender nos clichês de que a adolescência é uma fase de rebeldia e de muita confusão e, ao mesmo tempo, a nomeamos como “a melhor fase da vida”, ou seja, não sabemos muito bem como definir essa fase da vida.

             Quando pedimos para alguém nos dizer quais são as características da adolescência, ouvimos que essa é a fase em que ocorrem transformações significativas no corpo, no comportamento, que os interesses e os gostos mudam e que se ressignifica a identidade e os pais. Você concorda que essas características nos dizem bastante a respeito da adolescência?

EU NÃO!

            Acredito que tais características não me dizem absolutamente nada sobre a adolescência, elas dizem apenas quais são as mudanças que ocorrem em momentos de transição. Se pararmos para pensar, perceberemos que essas mesmas características se aplicam às mudanças que ocorrem na transição do bebê para a criança, da criança para o adolescente, do adolescente para o adulto e do adulto para o idoso; essas mudanças se repetem como um ciclo de transformações que vivenciamos em diferentes momentos de nossa vida.

             E uma vez que tais características nada nos dizem a respeito da adolescência, voltamos à pergunta do começo do texto: O que é ser adolescente hoje? Ter a consciência de que não sabemos a resposta é o primeiro passo. Acredito que apenas os adolescentes possam nos dar essa resposta, os não adolescentes (seja da idade que for) são estrangeiros a esse momento, e por mais que tenham sensibilidade, estudem e busquem se apropriar do tema, as teorias não nos ajudam tanto a entender quem são os adolescentes, não é mesmo?

             E justamente por apenas eles saberem nos dar essa resposta que precisamos nos aproximar, dialogar, nos esforçar para entrar nesse universo e, a partir deles, compreender quem são os adolescentes hoje. Com certeza não são os mesmos adolescentes de 10, 20 ou 50 anos atrás, embora muitas coisas possam continuar parecidas.

             Muitas vezes queremos que eles conheçam o que era bom em “nossa época”, mas não nos interessamos em conhecer o que eles consideram bom na época deles, e esse movimento de buscar a resposta junto com eles é indispensável aos pais, avós, professores e todos aqueles que convivem com pessoas dessa idade.

            Você quer saber quem é o adolescente hoje? Aproxime-se mais de seu filho, converse com ele, pergunte a ele, pois apenas eles saberão nos dar essa resposta. É preciso entrar no mundo deles! Boas conversas!

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